X-Men ‘97 traz de volta o carisma e a relevância dos heróis mutantes na cultura pop

Os X-Men retornam em nova série animada que mistura nostalgia e maturidade
X-Men ‘97: Heróis mutantes estão de volta em nova série animada │ Foto/Divulgação: Disney
X-Men ‘97: Heróis mutantes estão de volta em nova série animada │ Foto/Divulgação: Disney

Quando a Walt Disney Company comprou a 20th Century Fox, ninguém imaginava que uma das primeiras produções do Marvel Studios que envolveriam os mutantes seria uma continuação para a antiga série animada dos X-Men, exibida nos anos 90.

Na verdade, ainda na espera da aparição dos X-Men no Universo Cinematográfico da Marvel, não tínhamos dimensão da saudade de acompanhar os mutantes em tela até a chegada de X-Men ‘97.

E que saudade! A primeira temporada de X-Men ‘97 não só traz de volta Ciclope, Tempestade, Vampira e todos os outros heróis para a ação, como também mostra a força e a importância que possuem as histórias dos mutantes do universo Marvel.

Mesmo sendo uma sequência direta do seriado original, não é necessário ter assistido às 5 temporadas exibidas de 1992 a 1996 para acompanhar X-Men ‘97. A nova série rapidamente situa os espectadores no contexto da vida dos heróis, que encontram-se lidando com o legado deixado pelo Professor Xavier. O resgate e acolhimento do mutante brasileiro Roberto Da Costa já no primeiro episódio também nos reintroduz aos poderes e as dinâmicas entre os personagens.

Ciclope, Jean Grey, Wolverine, Tempestade, Fera, Morfo, Bishop, Vampira, Gambit e Jubileu também têm que lidar com o fato de que Magneto, um dos maiores vilões da equipe, agora é o novo líder dos X-Men, em uma tarefa deixada por Xavier para o ex-amigo.

O embate entre as visões de mundo de Charles Xavier e Magneto sempre foi um dos pontos principais nas obras que envolveram os mutantes e em X-Men ‘97 não é diferente. A jornada do Mestre do Magnetismo na tentativa de seguir os passos de Xavier na busca de um futuro para a raça mutante rende ótimos momentos durante a temporada, começando pelo julgamento do antigo vilão perante a ONU. É no poder do discurso e da luta dos mutantes contra o preconceito e o ódio que reside a força das histórias dos X-Men. 

Mas não é só no discurso anti-preconceito inerente aos mutantes em que a nova série brilha. O drama das relações interpessoais dos heróis também é destaque na temporada. Em especial para Ciclope e Jean Grey.

Entre gravidez, clones, perdas de memória, bebês que vão para o futuro e retornam mais velhos, o casal de veteranos da primeira classe do Professor X apresenta o arco mais bonito da temporada, que culmina em uma cena tocante entre Jean, Scott e Cable no último capítulo.

Outro casal… ou melhor, triângulo amoroso, que gerou passagens memoráveis em X-Men ‘97 foi formado por Gambit-Vampira-Magneto. O conflito da mutante, dividida entre o amor de Remy e o antigo caso que teve com Magnus, revela uma trama madura e sentimental pouco vista em séries animadas de super-heróis.

A relação dos três é um dos catalisadores que leva ao ápice da temporada: o episódio 5, “Lembre-se Disso”. Toda a construção do encanto de ver a nação mutante criada em Genosha, ao desespero do ataque das Sentinelas, é um daqueles momentos que ficarão marcados para sempre na memória dos fãs.

Mas, nem tudo é memorável. Ao longo dos episódios, algumas histórias parecem muito desconexas do que de central vinha acontecendo. Claro, não é que todas as cenas tenham que servir em função de uma narrativa principal. Não é isso. Contudo, frente ao nível de maturidade e envolvimento que a linha central oferecia, algumas tramas ou parecem bobas, como Jubileu e Roberto contra o vilão Mojo dentro do videogame, ou deslocadas demais, como as intrigas palacianas do Império Shi’ar. Até mesmo a jornada da Tempestade carece um pouco do problema, mesmo com o carisma de Ororo e Forge.

No fim, essas tramas paralelas soaram como uma de tempo. Até porque, o tempo é corrido em X-Men ‘97. No geral, toda a narrativa é executada de maneira acelerada e muitos acontecimentos sucedem na vida dos mutantes a cada episódio. No geral, essa abordagem funcionou, porque trouxe bastante dinamismo, mas não deixou de existir momentos que pediam mais tempo para se desenvolverem, especialmente no final.

Com tramas lentas ou aceleradas, X-Men ‘97 é um grande acerto do Marvel Studios. Sem se entregar somente ao apelo nostálgico, a condução do seriado é sólida nas mãos de Beau DeMayo, showrunner e roteirista de boa parte dos episódios. DeMayo entrega um universo coeso, onde as aparições especiais de outros heróis e vilões só demonstram o quanto os X-Men são parte essencial da Marvel e enriquecem as histórias contadas. X-Men ’97 conseguiu mostrar o quão incrível é ter os mutantes presentes na cultura pop, resgatando o carisma e o que faz esses personagens serem tão importantes. 


Nota: ★★★★

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