Quem foi ao cinema assistir Besouro Azul certamente deve ter pensado: “já vi isso antes”, mesmo que aquela tenha sido a primeira vez acompanhando o herói da DC Comics, criado em 1939 por Charles Nicholas Wojtkowski, na editora Fox Feature Syndicate e bastante atual nas animações e games. Essa sensação pode ser explicada pela escolha do filme em repetir a fórmula da “Jornada do Herói”, tão comum em gêneros épicos ou de super-heróis, que dominam a cultura pop atualmente. Besouro Azul faz uso deste artifício de roteiro com a adição do “tempero” latino de seu elenco como uma forma de tentar se destacar das dezenas de filmes de herói já produzidos.
A trama conta a história de Jaime Reyes (Xolo Maridueña), um adolescente que, por acidente, acaba recebendo superpoderes de um artefato alienígena chamado Escaravelho. Contudo, o objeto é de desejo da vilã Victoria Kord (Susan Sarandon), que se alia com o também vilão Carapax (Raoul Max Trujillo) para recuperá-lo a todo custo. Assim, Jaime se junta à sobrinha de Victoria, Jenny Kord (Bruna Marquezine) e sua própria família para poder impedir a vilã de tomar posse do Escaravelho misterioso.
Como dito, o filme faz uso de uma fórmula narrativa bastante conhecida pelos fãs de super-heróis, e justamente por usufruir desse modelo, Besouro Azul ganhou um quê de filme repetitivo. É evidente que a estrutura de “Jornada do Herói” não foi criada pela Marvel Studios ou Warner e DC , mas nos últimos anos foram essas duas editoras que exauriram essa maneira de contar histórias a ponto de causar um cansaço na audiência, que vem optando cada vez menos pelo gênero de herói quando vai ao cinema, tendo em vista a baixa bilheteria de Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania e The Flash, por exemplo.
Se por um lado a repetição de fórmula na origem do herói é o maior defeito de Besouro Azul, por outro, a simplicidade com que a história é contada pode se considerar uma virtude. Completamente honesto, o filme não promete nada além de uma divertida aventura “Sessão da Tarde”, que é entregue com a mesma honestidade que foi prometida a audiência. As piadas encaixam bem no clima leve da obra e ajudam a construir a sensação de um filme família, capaz de agradar todos os públicos. Aliás, um ponto altíssimo do filme é a família Reyes, que serve como um bom alívio cômico e até mesmo um ponto dramático interessante na trama.
Porém, sem dúvidas alguma, o maior destaque do filme está por conta do elenco, que com um carisma sem-igual, é responsável por dar um toque único a um roteiro que peca pela repetição da fórmula. . Entre todos, Xolo Maridueña (Cobra Kai) e Bruna Marquezine (Mulheres Apaixonadas, Deus Salve o Rei) são os mais destacados da trama em disparado, a dupla conseguiu levar para as telas a boa química que os dois esbanjam nas redes sociais. Também é preciso destacar o desempenho individual da atriz brasileira, principalmente nas cenas de enfrentamento com Susan Sarandon (O Óleo de Lorenzo, Lado a Lado e Um Olhar do Paraíso). Em sua estreia em Hollywood, Bruna fez bonito e vem, inclusive, despertando a atenção de críticos e espectadores americanos, a ponto de pedirem para que a brasileira interprete Lara Croft em um futuro novo filme de Tomb Raider.
Por fim, para quem ainda não se cansou dos filmes de super-heróis e busca uma diversão despretensiosa, envolvente e com rostos mais parecidos com nós brasileiros, Besouro Azul pode ser uma boa pedida. Simples e capaz de arrancar boas risadas, este é um típico filme para assistir com os amigos, acompanhado daquela pipoca amanteigada.
Nota: ★★★
Nascido e criado na capital paraibana, João Pessoa, tenho 24 anos e sou jornalista formado pela Universidade Federal da Paraíba. Apaixonado por cultura pop e esportes, me formei em jornalismo com o objetivo, e o sonho, de seguir carreira trabalhando com os meus hobbys favoritos da vida: cinema e futebol. Já tive experiência de produtor na TV UFPB e estou envolvido na elaboração, produção e apresentação dos podcasts da produtora Frequência Dupla.